MINHA TRAJETÓRIA
Minha trajetória como criador de Bicudos não foi uma obra do acaso, mas um caso de fascinação por esse pássaro nascida na minha infância. São 45 anos de história de admiração e encantamento.
Sou Militar do Exército Brasileiro, agora reformado; resido atualmente em São João Del Rei-MG, mas vivi durante dez anos, quase toda a minha infância, em Jataí, no estado de Goiás, onde tive meu primeiro contato com o Bicudo. Este fato me ocorreu aos 8 anos de idade, assim que me mudei com minha família para Jataí. O meu primeiro bicudo era um belo exemplar, pássaro de muita fibra, repetição e de canto apurado, adquirido por meu pai, JOSÉ GONÇALVES DE CASTRO, de um grande criador da região de Lagoa Santa, uma cidade situada na divisa entre os estados de Goiás e Mato Grosso, de onde surgiram outros grandes exemplares de alta linhagem e de onde também teria vindo o famoso Bicudo 13 de Maio.
Durante os dez anos que morei em Jataí-GO estive envolvido em rodas de Bicudo e este sempre me encantou, não só pelo seu canto, mas também pela sua fibra e disposição, sua raça e valentia me encantaram. Confesso que nesses 10 anos cheguei a pegar quatro Bicudos machos e jamais vi coisa tão linda quanto um Bicudo defendendo seu território.
Com o passar dos anos o meu fascínio por esse pássaro só foi aumentando, o que me fez cada vez mais a buscar o aperfeiçoamento dessa espécie maravilhosa, hoje seria quase impossível me afastar deles.
A trajetória do meu criatório, Recanto Maracaja é marcada por uma gradual aposta em exemplares de alta linhagem, escolhidos, sobretudo, pela qualidade de canto, fibra e repetição.
Em 1997 iniciei minha jornada em busca de um padrão zootécnico compatível com meus sonhos e com o que é realmente belo em um Criatório de Bicudos. Adquiri grandes matrizes nos arredores da cidade de São João Del-Rei-MG, Ouro Branco-MG, Goiás, Carandaí-MG, Barbacena-MG, Belo Horizonte-MG, São Paulo-SP e Rio de Janeiro-RJ, dentre elas, grandes fêmeas, tais como: a Camacupa, a Serra do Sol, a Luna, a Camponesa, a Campolina, a Diamantina, a Capitú, a Pantaneira, a Princesinha, a Penélope, a Xodozinha, a Marilú, a Luanda, a Águia, a Xavantina, a Luena, a Amazona e a Pagú. Assim, estava consolidada a primeira fase do meu criatório.
A partir dos primeiros cruzamentos, acompanhando os resultados obtidos e comparando-os com o de outros criatórios que se destacavam, resolvi investir ainda mais na qualidade dos meus exemplares, dando início à segunda fase do criatório.
Em visita ao criatório do Sr. José Vicente de Matos (Dadá de Carandaí-MG) adquiri um grande Bicudo, o MINUETO, pássaro de muita fibra e repetição com uma melodia muito bonita, filho do grande Bicudo Mandela (Marcílio de Matias Barbosa-MG). Logo em seguida adquiri do amigo Valdenísio Seara Andrade de Ouro Branco-MG outros grandes Bicudos: o DRAGÃO NEGRO, o MONTE NEGRO e o CAPOEIRA. Vieram também o BRUTUS e o CARNAVAL II, ambos filhos do Carnaval, Dr. Luiz de Barbacena), o CONFETE II, (filho do Confete, irmão do Jequitibá) o GUERREIRO (filho do PAVAROTTI), e o APACHE (irmão do bicudo FALCÃO de São Paulo), excelente na roda, pássaro de canto agressivo, principalmente quando se defronta com outros pássaros. O APACHE é irmão do FALCÃO a maior referência de canto flauta no Brasil e foi matéria recente da revista passarinheiro nº 22; ainda jovem ganhou grandes torneios de fibra. Adquiri também outros grandes Bicudos do amigo Zezinho de Barbacena-MG, o CAÇADOR e o FUZILEIRO (filhos do COMANDANTE, este, irmão do famoso Bicudo JEQUITIBÁ, raça do CONFETE e do CARNAVAL do grande Dr. Luiz de Barbacena-MG). Recentemente adquiri dois grandes bicudos netos do grande Bicudo JK, veio também o TORPEDO (filho do Raoni), de bico totalmente preto e por final o KOYOTE, neto do super campeão SOBE E DESCE e ainda trouxe outros grandes bicudos, o ARUANÃ (bicudo de muita fibra e ganhador de vários torneios), o TROMPETE (bicudo muito valente e repetidor ), completou-se assim o lote de excelência que formou o pilar para o segundo estágio do criatório Recanto Maracajá. Esse trabalho teve sequência com a aquisição de outros pássaros, dando início a uma nova etapa na minha criação de Bicudos. (OBS: No campo plantel estará sempre atualizado com os galadores do plantel e as matrizes.)
Sempre tenho a preocupação em não ter mais do que 20 fêmeas dentro do criatório, porque julgo ser este o número ideal para que eu possa estar atento a todos os cruzamentos, acompanhar de perto a evolução dos filhotes e para que eu possa também ter condições de manejá-los, e assim perceber os cruzamentos de maior qualidade. E assim, tendo como objetivo a apuração da qualidade das aves do Recanto Maracajá, principalmente em qualidade de FIBRA e REPETIÇÃO, me dou o prazer de lidar diariamente com essa dádiva da natureza que me encantou quando criança e que continua a encantar-me agora já mais velho.